27/05/2016

Águas do Ipojuca, o rio e a sua bacia hidrográfica

Águas do Ipojuca, o rio e a sua bacia hidrográfica


Publico em meu blog, o artigo do professor João Domingos, que é muito atual. Esse artigo foi publicado a muitos anos atrás, quando pensávamos o Projeto Teia da Amizade que em breve, terá sua sequencia em nova modalidade. Vamos ao texto na íntegra.  


“As águas são os espelhos do mundo”, assim dizia o famoso pintor Monet. E com todo razão! Quer conhecer uma cidade, saber se ela é bem cuidada ou se as pessoas vivem bem? Então olhe para as suas águas!
Vejamos o caso do rio Ipojuca.
Os rios são como nós mesmos, têm nascimento ou nascente, começam pequenos fazendo seus caminhos, seu curso de vida, e deságuam em águas maiores, a exemplo do MAR, de onde vieram na forma de chuva. Tudo é um recomeço!
Os rios são como as veias do nosso corpo, só que o corpo dos rios é as bacias hidrográficas. Conjunto de águas de uma região que correm para um rio principal.
Assim é a bacia hidrográfica do rio Ipojuca, rio principal que lhe dá o nome. Nasce no município de Arcoverde, na Serra do Pau d’arco, aproximadamente a 900 m de altitude, percorrendo cerca de 323 km.
A Rede Hidrográfica do rio Ipojuca é composta pela margem direita: riacho Liberal, riacho Papagaio, riacho Tacaimbó, riacho Taquara, riacho Cipó, riacho do Vasco, riacho Pau Santo, riacho Mocó, riacho das Pedras, riacho Verde, riacho Caruá, riacho Barriguda, riacho Machado, riacho do Mel, riacho Continente, riacho Titara, riacho Vertentes, riacho Macaco Grande, riacho Rocha Grande, riacho Prata, riacho Cotegi, riacho Piedade e riacho Minas. Pela margem esquerda: riacho Poção, riacho Mutuca, riacho Taboquinha, riacho Maniçoba, riacho Bitury, riacho Coutinho, riacho dos Mocós, riacho Salgado, riacho Várzea do Cedro, riacho Jacaré, riacho Sotero, riacho Cacimba de Gado, riacho da Queimada, riacho Manuino, riacho do Serrote, riacho Bichinho, riacho Muxoxo, riacho São João Novo, riacho Cueiro de Suassuna, riacho Pata Choca, riacho Cabromena, riacho Sapocaji e riacho Urubu.
Passa, ou estão no seu caminho, 9 cidades pernambucanas (Sanharó, Tacaimbó, São Caetano, Caruaru, Bezerros, Gravatá, Primavera, Escada e Ipojuca), mas muitas das suas águas se originam nos demais 15 municípios que fazem parte oficialmente de sua bacia hidrográfica (Arcoverde, Pesqueira, Venturosa, Alagoinha, Poção, São Bento do Una, Belo Jardim, Cachoeirinha, Altinho, Riacho das Almas, Sairé, Amaraji, Chã Grande, Pombos e Vitória de Santo Antão). Os quatros municípios como maior participação territorial são: Pesqueira (606,79km2), Caruaru (387,62km2), São Caetano (262,37km2) e Sanharó (235,45km2).
Começa no sertão, passando pelo agreste e zona da mata, desaguando no oceano atlântico, litoral sul pernambucano, no município de Ipojuca, região metropolitana do Recife. Participa assim de 3 Regiões Fisiográficas, de 4 Mesorregiões, de 4 Regiões de Desenvolvimento e de 5 Microrregiões de Pernambuco. Unidade de Planejamento Hídrico – UP3 com área superficial de 3.433,58 km2 (3,49% do total do Estado), segunda maior bacia hidrográfica em extensão do Estado.
O recorte de geologia confere a bacia do rio Ipojuca cerca de 97% da área representada por rochas cristalinas e cristalofiliadas do tipo Pré-Cambriano, sendo os 3% restantes territorial com depósitos aluviais recentes, seguidos de reduzidos afloramentos da formação Cabo, compreendendo arenitos com matriz argilosa, além de vulcanitos (como registra o neck vulcânico existente no município de Ipojuca). Este perfil territorial da Bacia Hidrográfica do rio
Ipojuca é revelador, em grande medida, dos tipos de atividades desenvolvidas e das combinações de seus usos.
No seu caminho compõe paisagens vegetais naturais das mais variadas como a Caatinga, a Mata Atlântica, Vegetação Costeira e de Mangue. Poucas são as áreas ainda preservadas ou destinadas para a conservação como a RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural Pedra do Cachorro em São Caitano (com 18 ha e Decreto Estadual nº 19.815/97), Parque Municipal João Vasconcelos Sobrinho em Caruaru (com 355 ha e de Decreto Municipal nº 2.796/83), Unidade de Conservação Municipal da Serra Negra de Bezerros (com 3,4 ha e Decreto Municipal nº 36/89) e Parque Municipal Ecoturístico Pedra do Urubu em Primavera (com 30 ha e Decreto Estadual nº 16.828/93).
As águas antes de servirem aos seres humanos são a sustentação dos ambientes. As águas na bacia do rio Ipojuca se prestam aos mais diversificados fins. Na Pecuária (mata a sede dos animais), na agricultura (irriga as plantações), no consumo humano por meio das mais variadas finalidades, tais como abastecimento público, uso industrial, limpeza, geração de energia (pequena hidroelétrica e termo elétrica), recepção de efluentes domésticos industriais e agroindustriais, navegação interior e portuária (Suape), pesca, turismo, recreação e lazer.
Foi identificado como o 3º rio mais poluído do Brasil (IBGE, 2005), uma realidade de grandes contrastes entre a degradação que ocorre especialmente nas cidades, bem como a beleza de cenários naturais fabulosos como a Cachoeira do Urubu no município de Primavera.
Seu nome tem origem em idioma indígena, significando ÁGUAS TURVAS. Porém hoje poderia se dizer - ÁGUAS SUJAS.
Tem esgoto não tratado, agrotóxicos, resíduos industriais e até dos matadouros. Usinas jogam os seus restos e a população desavisada joga tudo mais o que não presta.
Alguns ainda pescam e outras lavam roupa, crianças ainda brincam às suas margens, imaginem quanto risco!
Constroem nas suas margens, por necessidade ou ambição, retirando a vegetação natural chamada de Mata Ciliar, que são como os cílios em nossos olhos têm a função de proteger.
O rio Ipojuca fez e faz a história social e econômica de Pernambuco. Na sua foz está o Porto de Suape onde entra e sai tanta riqueza, mais uma vez contrastando com o descaso da falta de cuidado da sociedade em geral, especialmente dos poderes públicos.
Os aspectos sócio-ambientais mais expressivos apresentam cenários de desafios que limitam o aproveitamento do potencial existente para o seu desenvolvimento, e ainda com problemas relacionados aos recursos hídricos: insuficiente produção de água tratada, elevadas perdas e grandes desperdícios ao sistema de abastecimento público que não acompanham o crescimento das cidades; precário atendimento do sistema de esgotamento sanitário, com baixa cobertura especialmente nas pequenas cidades e quase total ausência na zona rural; deficientes serviços de limpeza urbana; problemas de drenagem provocados pela ocupação inadequada do solo urbano; poluição hídrica acentuada dos mananciais provocada por lançamentos de dejetos e efluentes industriais; ausência de manejo adequado dos reservatórios.
Na Bacia Hidrográfica do rio Ipojuca estão localizados 66 açudes de com tamanho relevante, são os mais significativos: Pão de Açúcar em Pesqueira (54.696.500 m3), Pedro Moura Júnior
(30.000.000 m3) e Engenheiro Severino Guerra (17.000.000 m3) ambos em Belo Jardim e Manuíno (2.021.000 m3) em Bezerros.
O território da Bacia Hidrográfica do rio Ipojuca concentra algumas das maiores riquezas econômicas do Estado de Pernambuco. Tanta riqueza de nada adianta, quando não é a seca que castiga, vem a cheia e tudo arrebenta. A sua maior enchente ocorreu no mês de fevereiro de 2004.
Associa-se aos problemas acima referidos, as questões a seguir, relacionadas com os recursos hídricos: precária qualidade de grande parte das águas superficiais, em razão da ocorrência de manchas de solos com potencial para salinização das águas e da operação deficiente dos reservatórios; pequenas possibilidades de irrigação, pela ausência de manchas expressivas de solos irrigáveis que justifiquem a irrigação em larga escala; retiradas de areia e dragagem irregulares, represamentos (pequenos e médios açudes) e construções inadequados (pontes, passagens molhadas e outros), lixões próximo a cursos d’água, pesca predatória e não autorizadas (tanque-rede) com introdução de espécies não nativas, desmatamentos (inclusive em áreas de nascentes de águas).
Muito felizmente existem pessoas que lembram que o rio já foi limpo e que a sua bacia hidrográfica era um lugar de realização. Estas pessoas acreditam na possibilidade de sempre se fazer algo.
Um dos maiores desafios é fazer retornar às condições SAUDÁVEIS destes AMBIENTES, é re-naturalizar!


João Domingos Pinheiro Filho – Professor e Mestre em Gestão e Políticas Ambientais.

Caruaru, 21-05-2011

2 comentários:

Gabriel Alex disse...

Como seria essa revitalização ? Quais os métodos que seriam aplicados ? Quanto iria gastar para os cofres públicos ? Na crise que vivemos, a cidade tem esse dinheiro disponível ? As outras cidades como belo jardim, Tacaimbó, São Caetano ... Vão se disponibilizar para fazer um trabalho em conjunto junto com Caruaru ? No aguardo pelas respostas !

Unknown disse...

Deveriam trabalhar todos nós juntos para fazer retornar a riqueza saudável do rio Ipojuca. Reconheço é uma tarefa difícil,mais não é impossível se de fato querermos o melhor para nós e nossas próximas gerações falo isso de seus filhos em geral. Mais primeiro para uma possível retorna a saúde dos rios e recuperação das florestas perdidas por causa de Gana ambição falta de consciência, precisão, ou até mesmo teimosia. Primeiro para uma retorna ao estado natural e saudável de nossa natureza em Caruaru e regiões próximas nativas de Pernambuco ligadas ao nosso rio e o mar. Primeiro é importante ter a colaboração de toda a população.

Mais infelizmente nem todos compreendem. A maioria até compreendem mais preferem continuar poluindo. São pessoas desumanas ignorantes teimosas
Não pensam em si mesmas e nem mesmo em suas próximas gerações.

Mais vamos confiar, sei é uma tarefa difícil. mais todos que amam a natureza e preservam ela, todos nós unidos, e as pessoas que felizmente entender a mensagem. Todos nós unidos poudemos realizar essa difícil tarefa. Pode levar anos séculos décadas. Mais é possível. Difícil mais é possível. Por favor neh pessoal vamos considerar esse texto. Porquê afinal.

Quem vevi sem água?
Nem um ser.
Nem plantas.
Nem animais.
Nem nós.

Pense reflita. Deixe de preguiça e vamos trabalhar para recuperar a nossa riqueza natural. Amém amém amém.